As probabilidades de Deus

Você está jogando pôquer com seus amigos e um deles, o Fred, tira Ás, Rei, Dama, Valete e Dez de espadas – um Royal Flush, a mão mais alta do jogo – cujas chances são de 650 mil para 1. Como esse Fred é sortudo! Na próxima rodada, ele tira as mesmas cinco cartas. Certo, isso é pouco comum, mas vocês se conhecem desde a infância. Mas aí ele tira de novo, e depois mais uma vez. Certo, vocês foram padrinhos um do outro em seus casamentos, mas isso não evita seus sentimentos homicidas. Quando ele tira as mesmas cartas novamente, você vai atrás de uma arma.

Quando algo incrivelmente improvável ocorre, é muito difícil acreditar que é por acaso. Fred está roubando, é óbvio. Ele vai jurar que não está, mas é quase impossível acreditar. Mas vamos pensar. Há algumas propriedades físicas básicas do Universo, como a carga dos elétrons, a força precisa da gravidade, a velocidade da luz etc., e cada uma poderia ter um número infinito de valores. A gravidade (por exemplo) poderia ser um pouco mais forte, muito mais forte, ou um pouco mais fraca. Se alguma dessas propriedades fosse mesmo só um pouco diferente, então nosso Universo poderia não ter existido – com seus planetas, estrelas, vida e nós, seres conscientes, racionais e morais.

As chances contra todas essas propriedades terem ao mesmo tempo o valor necessário preciso para esse Universo existir são literalmente astronômicas. Mesmo assim, aqui estamos. Se você pegou seu revólver quando Fred tirou seu quinto Royal Flush, talvez devesse pegá-lo agora também, porque, quando algo incrivelmente improvável ocorre, é muito difícil acreditar que possa ocorrer por acaso. E não há nada tão incrivelmente improvável como o próprio Universo, entre todos os possíveis universos que poderiam ter existido.

Haveria obviamente só um ser capaz de embaralhar essas cartas. Se é provável que Fred esteja roubando, então é mais do que provável que Deus exista e seja responsável por este Universo.

Andrew Pessin
In: Filosofia em 60 Segundos

Diálogo sobre a eleição

- Você dá a entender que a eleição é irrevogável. Mas, como explicar o caso de Israel? Foram escolhidos por Deus, no entanto não creram no Messias, vindo a se perder. Para mim, se a eleição é como você diz, então Deus não cumpriu com a palavra dada.
- Você precisa entender uma coisa. A eleição não é corporativa, ou seja, nem todos os da nação de Israel são de fato israelita. Considere Abraão. Ele teve dois filhos, Ismael e Isaque, mas nem toda a sua descedência é considerada seus filhos, somente a linhagem que parte de Isaque...
- Calma aí, você não está levando em conta duas coisas que, ao meu ver, fazem toda diferença. A primeira é que os dois filhos dele eram de mães diferentes. Ismael era filho de uma comcubina, a escrava Agar, enquanto que Ismael era filho de sua esposa legítima, Sara. Logo, é natural que só os filhos de Isaque sejam considerados descendentes legítimos de Abraão. Além disso, os garotos já eram nascidos quando Deus prometeu que a descendência seria na linhagem de Isaque. E o comportamento de Ismael era reprovável. De qualquer modo, todo Israel é descendente de Isaque, então ainda acho que Deus não cumpriu sua promessa feita a Abraão, mesmo que se refira a uma descendência espiritual.
- Você interrompeu meu raciocínio, mas em continuação a ele verá que ter os mesmos pais e um bom comportamento não é determinante para ser escolhido por Deus. Considere os dois filhos de Isaque, Jacó e Esaú. Ambos são concebidos do mesmo pai, no mesmo ato sexual e são gerados no útero da mesma mãe. No entanto, um foi amado e escolhido por Deus, enquanto o outro foi odiado e rejeitado. E tem mais, essa escolha foi feita antes deles terem nascido, ou seja, antes que fossem capazes de fazer alguma coisa boa ou má. Veja que os critérios que você propôs para a escolha, descendência natural e boas ações, são irrelevantes. De fato, com esse registro histórico Deus quer deixar claro que no tocante à eleição não importa a nação, linhagem ou família, nem atitudes ou atos, mas somente a vontade divina. A eleição é eterna e incondicional, posto que prerrogativa da soberania divina.
- E você considera isso justo? Deus escolher uma pessoa e rejeitar outra, sem nenhuma consideração pelo que elas fizeram ou viriam a fazer? Eu não consigo ver justiça nisso!
- Em que pese seu veemente protesto, Deus não é nem um pouco injusto ao escolher um indivíduo e não outro, ou mesmo escolher alguns e não a nação inteira. Pois não se trata de justiça, e sim de misericórdia. A justiça é devida, a misericórdia, não. Ninguém pode ir ao tribunal reclamar que alguém não foi misericordioso para com ele. Assim é com a eleição. Deus disse a Moisés que teria misericórdia de quem Ele quisesse ter misericórdia e se compadeceria de quem quisesse ter compaixão. Por isso a eleição não é injusta, pois não depende da pessoa querer ou se esforçar, mas de Deus decidir ser misericordioso com ele. E não é só isso. Ele também endurece aqueles que ele não escolhe, para que sirvam aos seus santos propósitos. É o caso de Faraó, a quem Ele disse que o havia colocado em sua situação histórica para fazer notório o Seu poder e glória em toda a terra, endurecendo o coração dele com esse propósito.
- Espere aí, quer dizer que Deus não apenas elege e chama quem Ele quer, mas também age naqueles que ele rejeita, para que Seu poder seja manifesto? Com que direito então Ele reclama se alguém não lhe obedece, se no fim a pessoa faz exatamente o que Ele determinou que seria feito?
- Agora você está passando dos limites! Afinal, quem você pensa que é para questionar as decisões Deus? Coloque-se no seu lugar. A obra de um artesão pode questionar o modo como foi feita? Ou não tem o artista pleno direito sobre a sua obra, para fazê-la do modo como bem entender? Da mesma maneira Deus, como um oleiro, tem direito de pegar uma quantidade de massa e dela fazer alguns vasos para uma finalidade honrosa e outros para um uso humilhante. Que direito temos de questionar se ele, da mesma massa de pecadores, prontos para a perdição, faz de uns vasos de misericórdia e de outros vasos de ira, manifestando através destes sua ira e poder ao condená-los justamente, enquanto naqueles revela a grandeza de sua glória ao ser misericordioso para com eles?
Preste atenção, o que estou lhe dizendo é que a promessa de Deus não falhou para com a grande parte de Israel. Pois Isaías já havia dito que mesmo que o número de judeus fosse como grãos de areia na praia, apenas uma pequena parte, chamada de remanescente, é que seria salva. E que esse remanescente não seria formado com base em ascendência étnica ou algo que indivíduos tenham feito ou venham a fazer, mas pelo cumprimento da promessa divina, pois o mesmo Isaías atribui a formação dessa descendência espiritual ao Senhor dos Exércitos e que se dependesse do homem, essa descendência seria mais desolada que Sodoma e Gomorra.
Soli Deo Gloria

O crente pode perder a salvação?

Uma verdade bíblica que tem ficado cada vez mais esquecida em muitos púlpitos, e consequentemente, nos corações de muitos crentes, é a doutrina bíblica de que uma vez que alguém foi salvo por Cristo, foi salvo para sempre, e nada neste mundo é capaz de fazer com que a pessoa perca sua salvação.

Em João 10.28 e 29, o Senhor Jesus declara: “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebata da minha mão. Aquilo que o meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai ninguém pode arrebatar”. E ainda em Romanos 8.35, o apóstolo Paulo declarou divinamente inspirado: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?”. Muitos outros textos bíblicos nos dão base para crermos que uma vez salvos por Cristo, somos (muito mais do que simplesmente “estamos”) salvos para sempre. De perdidos pecadores fomos transformados em herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Romanos 8.17).

Quando digo que creio que uma vez salvo estou salvo para sempre, imediatamente sou lembrado pelo Espírito Santo de que fui salvo para viver em santidade de vida (cf. Efésios 1.3 e 4) e não para viver libertinamente em pecado. Quem foi salvo por Cristo delicia-se com a nova vida que recebeu em Cristo e tem vontade de estar cada vez mais longe do pecado.

Se fosse possível mesmo perdermos a salvação, eu gostaria de saber qual o pecado que eu viesse a cometer seria o causador de tamanha calamidade. Será que uma mentirinha seria suficiente para me mandar para o inferno? Ou seria preciso um assassinato? Bem, mas, essa não é a questão principal que eu quero tratar aqui.

O que eu quero tratar é: porque será que as igrejas que pregam essa verdade (uma vez salvo, salvo para sempre) dessa forma, não são “populares”, não estão cheias de gente, enquanto que igrejas que pregam o contrário, a saber, que é possível perder a salvação estão abarrotadas de pessoas? Para ser honesto tenho de admitir que essa não é a única causa para esse fenômeno, mas, que é um fator crucial isso ninguém pode negar.

Matutando aqui chego a seguinte conclusão: quando alguém crê que pode perder a salvação está dando provas claras de que sua confiança está em si mesmo e não em Deus, ao passo que quem confia que está salvo para sempre descansa no poder e promessa de Deus.

Isto posto, quem crê que é possível perder a salvação também crê que basta voltar a trás e pedir perdão a Deus e tudo estará resolvido, e assim, essa pessoa se sente no controle da situação. Sua vida ainda é “sua”. E isso faz coro com as filosofias humanistas que encharcam as igrejas colocando o homem no centro de tudo. Ao passo que aquele que crê que está salvo para sempre porque Deus é fiel e poderoso para guardá-lo seguro até o fim (leia Judas v.24 e 25), aprende o quanto antes a confiar (entregar) sua vida aos cuidados de Deus, e, assim, sabe que o controle da sua vida está nas mãos de Deus. E admitamos, essa mensagem não é nem um pouco agradável aos ouvidos dessa geração que foi iludida com a mentira de que ela está no comando de seu destino.

Muito mais do que falar sobre as heresias pregadas por muitas igrejas hoje, o que eu quero é chamar a sua atenção para essa preciosa verdade de que ter a certeza da salvação inclui ter firmeza no propósito de obedecer aos mandamentos de Deus. Na linguagem bíblica: “Grande paz têm os que amam a Tua Lei; para eles não há tropeço” (Salmo 119.165).

Não tropece nas heresias. Confie plenamente sua vida aos cuidados do Deus que é imutável, e que em Sua soberania determinou que aqueles a quem Ele quis salvar vivessem confiantes em Sua Graça a qual os capacita plenamente a viverem de acordo com a Sua vontade.

Numa coisa estão certos os que creem que é possível perdermos a salvação: se você pecar, mas, arrependido buscar o perdão de Deus você será perdoado e voltará a desfrutar da comunhão com Ele. Para nós que cremos que é impossível perdermos a salvação, também é verdade que quando pecamos trazemos à nossa comunhão com Deus sérios prejuízos, porém, ao confessarmos nosso pecado, e arrependidos buscarmos o Seu perdão teremos restaurada a nossa comunhão com Ele.

Não permita que sua comunhão com Deus seja interrompida. Se porventura isso acontecer, corra para Deus, busque o Seu perdão e confesse o seu pecado a Ele, pois “…onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Romanos 5.20).

Rev. Olivar Alves Pereira